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Histamine Intolerance Originates in the Gut

Atualizado: 18 de jul. de 2023


NAFAD - Núcleo de Avaliação Funcional do Aparelho Digestivo


SESSÃO DE ARTIGOS COMENTADOS

012023


Comentarista da semana


Dra. Carla Granja Andrade

CRM SP 96756


- Mestre em Cirurgia do Aparelho Digestivo pela Universidade de São Paulo (USP)

- Médica Associada à Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG)

- Membro da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva (SMBD)

- Membro do Núcleo de Avaliação Funcional do Aparelho Digestivo (NAFAD)


ARTIGO EM DESTAQUE


Review

Histamine Intolerance Originates in the Gut


Citação:

Schnedl,W.J.; Enko, D. Histamine Intolerance Originates in the Gut. Nutrients 2021, 13, 1262.

https://doi.org/10.3390/nu13041262


COMENTÁRIO


Sintomas gastrointestinais funcionais crônicos sem causa definida impactam em torno de 20% da população. Na intolerância à histamina, ocorre o comprometimento da degradação da histamina gastrointestinal levando a sintomas gastrointestinais funcionais, não alérgicos, inespecíficos, e também a sintomas extra intestinais. Neste artigo de revisão sobre a intolerância à histamina os autores apresentam os seguintes aspectos extremamente relevantes para melhor compreensão do que se sabe até o momento sobre esse assunto:


✔️A histamina [2-(4-imidazolil)-etilamina] está incluída em um grupo de aminas biogênicas com putrescina, cadaverina e tiramina, entre outras, produzidas por fermentação bacteriana. Suspeita-se que uma quantidade desproporcional de histamina no corpo resulte do consumo de alimentos ou bebidas contendo histamina e da capacidade reduzida das enzimas de digerir e degradar a histamina. Nos alimentos, o processo de fabricação, a limpeza dos materiais, a composição microbiana e a fermentação influenciam a quantidade de histamina neles contida.


✔️O termo "intolerância à histamina" é usado de forma semelhante à intolerância à lactose. A intolerância a lactose, por deficiência da enzima lactase, apresenta paralelos com a definição de intolerância a histamina, por deficiência da enzima gastrointestinal diamina oxidase (DAO). A DAO é sintetizada por enterócitos intestinais maduros e é constantemente liberado da mucosa intestinal para o intestino, bem como para a circulação sanguínea, durante a digestão. Dentro do trato gastrointestinal, o DAO aparece como a principal enzima responsável pela degradação da histamina ingerida ou gerada pela microbiota. As bactérias gastrointestinais usam enzimas catabólicas para degradar e fermentar carboidratos e proteínas dos alimentos ingeridos, bem como na intolerância a histamina, uma composição bacteriana intestinal alterada foi relatada.

✔️Normalmente, o consumo de baixas quantidades de histamina e aminas biogênicas não causa problemas de saúde em humanos. No entanto, a intolerância a histamina é claramente separada das alergias alimentares, como, por exemplo, alergia ao amendoim e é descrita como uma reação adversa não alérgica aos alimentos ingeridos.


✔️Apesar dos sintomas não serem específicos e nem definirem o diagnóstico os autores sugerem um questionário de sintomas que pode auxiliar na suspeita clínica de intolerância a histamina e ao aplicá-lo encontraram como o sintoma mais comum e mais grave indicado pelos pacientes com intolerância a histamina em mais de 90% foi a sensação de distensão abdominal “bloating”. Outros sintomas gastrointestinais muito comumente relacionados incluíram: sensação de plenitude pós-prandial e diarreia, ambos em mais de 70% dos pacientes, dor abdominal em mais de 65% e constipação em 55%. A associação “bloating” e cefaleia foi observada em 63% dos pacientes.


✔️Embora, ainda não se saiba se os valores da DAO no soro se correlacionem com a atividade de DAO no intestino, um aumento significativo da DAO sérica devido a uma dieta rigorosa reduzida em histamina foi demonstrado em pacientes com intolerância a histamina. Parece, portanto, queum diagnóstico de intolerância a histamina pode ser suportado por um valor sérico baixo da DAO menor que 10 U/mL (normal >10 U/mL). Atualmente, a DAO sérica está sendo determinada usando um ensaio de extração de rádio. No entanto, este método analítico tem limitações porque apenas uma quantidade relativa de DAO no soro é quantificada. Com este método, um padrão DAO humano não está comercialmente disponível e as quantidades absolutas de DAO

não podem ser medidas. Portanto, a busca por testes de diagnóstico da intolerância a histamina disponíveis, para prática clínica, continua. Deste modo os sintomas gastrointestinais, e uma redução destes quando se segue uma dieta reduzida em histamina e/ou uso de suplemento oral de DAO, ajudam a apoiar um diagnóstico bem-sucedido.


✔️A associação ou o papel da intolerância a histamina com outras doenças funcionais e inflamatórias gastrointestinais parece ser cada vez mais evidente. O artigo revisa aspectos importantes relacionados ao papel da histamina na dispepsia funcional, síndrome do intestino irritável, supercrescimento bacteriano intestinal, intolerâncias a carboidratos, doença celíaca e sensibilidade ao glúten não celíaca, gastroenterite eosinofílica, uso crônico de alguns medicamentos e outras doenças fora do aparelho digestivo.


✔️A suplementação oral com cápsulas DAO representa uma opção terapêutica adicional para diminuir os sintomas relacionados intolerância a histamina. Até agora, não existe consenso quanto a melhor dosagem. As cápsulas comercialmente disponíveis contêm 4,2 mg de proteínas extraídas do rim suíno com 0,3 mg de DAO, e é sugerido o uso até três vezes por dia antes das refeições. Embora, tenha sido relatado que uma maior atividade de DAO parece necessária para uma degradação da histamina. A intervenção dietética com dieta reduzida em histamina e/ou a suplementação oral de DAO claramente precisa de investigações adicionais.


O artigo conclui que a intolerância a histamina parece desempenhar um papel mais significativo como causa de sintomas gastrointestinais persistentes e de vários distúrbios extra intestinais, do que se sabia até agora. De um modo geral, as provas científicas de envolvimento de histamina nos distúrbios gastrointestinais ainda são escassas, mas o interesse tem sido crescente. Neste sentido, são necessários mais estudos científicos e o desenvolvimento de novos métodos laboratoriais para melhorar a dosagem da DAO e da histamina no soro humano e da quantidade de histamina nos diferentes alimentos.


Referências extraídas do artigo


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